Aquele perfume
- Monica Dominici

- 28 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de fev. de 2024
Aquele perfume lhe trazia tantas recordações maravilhosas que resolveu não mais usar, guardou, guardou muito bem guardado.
O tempo passou e ela jamais deixou alguém encostar no tal perfume. Olhava para ele de vez em quando, e se permitiu, pouquíssimas vezes, abrir lentamente sua tampa e como em uma flecha do cupido revivia momentos tão intensos em questão de segundos.
Reviver seu passado lhe fazia viva. Tinha medo que o perfume se evaporasse... seria o fim...
Resolveu guarda-lo ainda mais no fundo do armário e jurou não mexer por um bom tempo.
Tempo.... muito tempo.... até o dia de que suas forças estava se esvaindo, já não conseguia mais se mover sem ajuda, e naquele dia implorou para sua filha que pegasse o frasco.
Quando o viu, seus músculos começaram a dar sinais de melhora, seu corpo começou a reviver... pediu muito cuidado a sua filha. Ela o trouxe embalado na toalha com muito zelo, entregou a mãe.
Pegou o frasco como se pega um filho pela primeira vez. Era tanto amor que se tremia de emoção. E mais uma vez se deleitou em imagens, lembranças, palavras, músicas, cheiros, que lhe vinha a cabeça...
Fechou os olhos, abriu lentamente o frasco, inalou a fragrância mágica.
Algo tinha acontecido... não era mais o mesmo cheiro... "e agora, o que será da minha vida?"
Com a pouca força que lhe restara, ajoelhou-se com o vidro na mão, lotou-se de coragem e o jogou contra a parede, que se espatifou todinho.
Sua filha correu desesperada. "Mãe, pelo amor de Deus o que você fez?"
Ela olhou para a filha sorrindo e disse, "agora sim começo a viver minha vida." se levantou e foi a feira comprar batatas.
19/05/16




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