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Caminhar na Paulista

  • Foto do escritor: Monica Dominici
    Monica Dominici
  • 3 de fev. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de mar. de 2024

Sai naquela manhã delícia para um programinha típico paulistano burguês...

 

Caminhar pela Paulista, visitar a igreja São Luis Gonzaga, ver fotos, arquitetura, the clock e viúva negra de Calder no Moreira Salles... Pensamentos leves, cabeça fresca...

 

Caminho pra lá e pra cá, converso comigo mesma e só enxergo o que quero enxergar... O resto não me pertence, não me cabe...

 

Hoje quero ver arte, arte que me incomoda, que me cutuca, que me coloca de ponta cabeça, quero sair da minha caixa lacrada e para isso sempre bom um empurrão... empurrão bem dado, claro... caso contrário permaneço no meu conforto mental.

 

E lá vou eu passo a passo...

 

Subo pelas escadas rolantes maravilhosas cercada por vidros e sonhos, gente bacana, intelectualidade no ar... gente que pode me ensinar algo novo...

 

Como boa geminiana quero comer o prédio todo, quero aprender e sentir tudo...

 

De cara, a Viúva Negra me incomoda, Calder sempre tão colorido, hoje ele não quer conversa, hoje ele é luto puro, sofrimento legítimo...

Entro no perturbador The Clock e percebo que o tempo voa, a cada inspiração e expiração aquela vida se foi para nunca mais voltar, quero voltar ao útero na minha mãe, começar tudo outra vez, quem sabe fizesse diferente, quem sabe fizesse o mesmo, mas queria poder ter a chance de um retorno, angustiador pensar que o que já foi simplesmente já foi...

 

Saio de lá e obviamente vou para cafeteria, peço um suco geladinho pra acalmar meus pensamentos neuróticos e ver a vista da Paulista urbana.

 

Chego no parapeito do edifício, sinto um vento nos cabelos, meus pensamentos se acalmam, curto meu suco e começo a ver além da minha visão ordinária aquilo que está como uma ferida fétida exposta purgando em nossos olhos, mas nos recusamos a ver.

Não me cabe, não me pertence...

 

E é ali, deitado no chão da Paulista que está quem pode me ensinar algo que verdadeiramente ainda não sei, que ainda não vi, que ainda não conheço...

escrito 13/10/17



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